Os prefeitos e ex-prefeitos de municípios maranhenses com ligação com
a quadrilha de agiotas comandada pelos empresários Gláucio Alencar e o
pai dele, José de Alencar Miranda Carvalho, serão ouvidos no próximo
mês. De acordo com as investigações da Secretaria Estadual de Segurança
Pública (SSP), 41 prefeituras têm algum tipo de ligação com os agiotas,
acusados de serem os mandantes do assassinato do jornalista de O Estado,
Décio Sá, fato ocorrido no dia 23 de abril do ano passado.
De acordo com o titular da SSP, Aluísio Mendes, o trabalho da polícia
a partir deste momento será o de descobrir qual era o envolvimento
desses gestores municipais com a quadrilha de agiotas. Mendes afirmou
que esta atividade será desenvolvida analisando a documentação que foi
encontrada em poder de Gláucio Alencar e José de Alencar Miranda
Carvalho.
Aluísio Mendes - Secretario de segurança publica |
“Uma farta documentação foi apreendida quando a polícia realizou a
operação para localizar e capturar os assassinos do jornalista Décio Sá,
como documentos de empresas, cheques em branco assinados, contratos,
entre outros. Toda essa documentação foi analisada e chegou-se ao número
de 41 prefeituras que tinham algum tipo de citação. Não quer dizer
realmente que essas pessoas estejam envolvidas. A polícia está
aprofundando as investigações e chamará os gestores e ex- gestores para
saber o tipo de ligação que eles tinham com os agiotas”, disse Aluísio
Mendes.
O titular da SSP informou também que foram solicitadas à Justiça
quebras de sigilos bancário e fiscal para dar prosseguimento às
investigações.
“Nós já solicitamos as quebras dos sigilos bancário e fiscal não
apenas das empresas fantasmas e de fachada que eram de propriedade da
quadrilha de agiotas, mas também das prefeituras. Com o cruzamento
destas informações, nós teremos dados mais precisos sobre qual
prefeitura estava envolvida e a profundidade desse envolvimento”,
completou o secretário.
Esquema - O esquema de agiotagem no estado foi denunciado por Décio Sá em seu
blog e, segundo a polícia, esta teria sido uma das motivações para que o
grupo de agiotas contratasse um matador, Jhonatan de Sousa Silva, para
assassinar o jornalista.
De acordo com as investigações, o esquema começava nas eleições. Para
financiar suas campanhas, os gestores contraíam empréstimos com a
quadrilha, que, como pagamento, recebia dinheiro público por meio de
facilitação em licitações de merenda escolar, medicamentos e programas
federais.
O bando montava empresas de fachada para vencer licitações
direcionadas e utilizava “laranjas”, entre eles pessoas que já haviam
falecido.
Recursos- Os recursos saíam direto de contas de programas federais – como o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e o Fundo de
Participação dos Municípios (FPM). Muitas vezes, os agiotas cobravam o
empréstimo com juros entre 20% e 25% ao mês, o que aumentava ainda mais o
valor da dívida.
As investigações da polícia apontaram também para o envolvimento no
esquema de agiotagem e assassinatos de um capitão da Polícia Militar:
Fábio Aurélio Saraiva Silva, o Fábio Capita, que está preso, segundo a
polícia, acusado de ter fornecido a arma para o pistoleiro Jhonatan
matar o jornalista. Fábio Aurélio do Lago e Silva, o Buchecha, e José
Raimundo Charles Sales Júnior, o Júnior Bolinha, também foram indicados
pela polícia como integrantes do esquema de agiotagem. Eles teriam sido
os responsáveis pela contratação do pistoleiro.
Prefeituras envolvidas em esquemas de agiotagem, segundo a SSP:
Apicum-Açu, Arari, Bacabal, Brejo, Cajapió, Cândido Mendes, Cantanhede,
Caxias, Coelho Neto, Cururupu, Dom Pedro, Lago Verde, Lagoa Grande,
Magalhães de Almeida, Marajá do Sena, Mirador, Miranda do Norte,
Mirinzal, Nina Rodrigues, Olho D’Água das Cunhãs, Paço do Lumiar, Pastos
Bons, Paulo Ramos, Penalva, Pindaré-Mirim, Pinheiro, Rosário, Santa
Luzia, Santa Luzia do Paruá, São Domingos do Azeitão, São Domingos do
Maranhão, São Francisco do Brejão, São João do Sóter, São Luís, Serrano
do Maranhão, Sucupira do Riachão, Timon, Turilândia, Tutoia, Urbano
Santos, Vargem Grande e Zé Doca.
O Estado
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